segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Método da Associação Livre

Marcos Spagnuolo Souza

A associação livre é o método terapêutico da psicanálise onde o paciente não é pressionado na busca de uma lembrança específica. O paciente é deixado livre para o que vier a sua cabeça. O paciente é incentivado a superar as suas limitações e suas resistências. O paciente é livre para dizer tudo que vem no seu pensamento. O analista deixa o paciente totalmente aberto para que ele se veja livre de toda coerência e superar suas reservas.
O analista deve apenas escutar e interferir apenas para quebrar as resistências do paciente de acordo suas possibilidades. É o paciente que determina o curso da análise e o analista interferi apenas para ajudar o paciente atravessar qualquer tipo de restrição.

Da análise, espera-se que o sujeito conheça os significados primordiais que o determinaram em sua história e em sua vida a partir da decifração do inconsciente, para que deles se desalienar escapando de seu poder de comando (Quinet, 2008:45).

O analista faz com que, através da associação livre, o inconsciente se presentifique e possa ser decifrado pelo próprio sujeito. Quem faz a interpretação dos seus próprios sonhos é o sonhador, quem interpreta é, portanto, o próprio sujeito, ao deixar-se vagar por suas associações (QUINET, 2008).

O papel do analista diante do paciente não é um papel neutro, de um ouvinte passivo. O analista é um ponto de convergência do inconsciente, ou melhor, é uma porta aberta para o inconsciente paciente passar. O analista faz com que o inconsciente se presentifique e possa ser decifrado pelo próprio paciente. Quinet (2008) salienta que um paciente em análise lhe dizia:

Eu sei que você não tem aí nenhuma função, a única coisa que você faz é me fazer falar; aí eu pensei cá comigo, que podia continuar sozinho. Até que entendi que a sua função é essencial, pois é nos momentos em que estou em casa pensando na análise, ou vindo para cá, ou aqui na análise, que começo a pensar as minhas coisas (QUINET, 2008:28)
Não apenas o analista, mas o próprio consultório é um campo que faz o inconsciente existir, ou seja, se aparecer naquele momento com grande intensidade. Quinet (2008) diz que o inconsciente se presentifica na poltrona do analista, o inconsciente vai se situar nesse lugar. A função do analista é fazer o inconsciente existir para que o próprio sujeito possa encontrar as cifras do seu destino, seus significantes mestres. A posição do analista possibilita o levantamento do recalque, permitindo a emergência do sujeito do inconsciente, o sujeito do desejo.

Referência
QUINET, Antônio. A descoberta do inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

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